2 de jan. de 2020 - 6 de jan. de 2020
2 de jun. de 2022 - 6 de jun. de 2022
Paris
Este diário de viagem possui um álbum de fotos.
Paris! A cidade das luzes, cidade do amor e de tantos outros títulos. Pela nossa experiência, é também a cidade dos clichês. E isso é ótimo!
Planejando a viagem
Vamos começar a falar sobre nossas viagens a Paris tratando da chegada à cidade. Paris tem dois aeroportos principais: CDG (o maior e mais distante, 25km a norte) e ORY (14km ao sul). Se você chegar pelo CDG, talvez seja interessante pesquisar bilhetes de trem para a cidade.
Também é possível ir a Paris de trem continental. A maior parte das linhas chega à estação Gare du Nord, que fica dentro da cidade e é anexa à linha 4 do metrô.
Na nossa primeira viagem, chegamos por ORY. Infelizmente, como o transporte público estava em greve, acabamos chamando um Uber.
Na segunda visita, fomos de trem com a Eurostar a partir de Londres. A viagem foi muito confortável e prática. Se você já estiver na Europa, pesquise as opções de trem. Vale muito a pena, é divertido e uma experiência diferente para nós aqui do Brasil.
Outro ponto forte a se considerar é a época do ano. Nossa primeira visita foi no auge do inverno, enquanto a segunda foi na troca da primavera para o verão.
A melhor época depende do que você espera da viagem. Para opções indoor, como museus e gastronomia, talvez outono/inverno seja uma boa época. O fluxo de turistas é menor nos meses frios, o que deixa grande parte das atrações um pouco mais confortáveis.
Naturalmente, para atividades ao ar livre - incluindo os famosos jardins! - o mais indicado é ir no início da primavera, ou no final do verão. Pode ficar muito quente no alto da estação.
Além do clima, o dia mais longo também propicia caminhadas e piqueniques. Contudo, considere que o número de visitantes aumenta significativamente. Nós tivemos a oportunidade de presenciar o efeito do “summer of revenge” em primeira mão. Algumas atrações, como Louvre e Versailles, estavam desconfortavelmente cheias.
🗓️
Também é importante cruzar a época da sua visita com eventos de grande porte, por exemplo:
- Les Soldes: período de grandes liquidações em toda a cidade. Acontece duas vezes por ano, em janeiro e junho/julho.
- Paris Fashion Week: setembro/outubro.
- Natal e Réveillon: utilizamos o nome em francês por um bom motivo.
Pela cidade
Vamos tratar aqui dois assuntos: idioma e transporte público.
Se você fala francês com certo conforto, parabéns! Pode pular alguns parágrafos. Se você não fala francês, terá 3 opções de ajuda: inglês, mímicas e um pouco do português.
Comunicação é um desafio em qualquer país, inclusive quando os interlocutores estão falando o mesmo idioma. Em todo lugar do mundo, uma dose de boa vontade torna o diálogo muito mais fácil.
Ser falante nativo de português te oferecerá:
Simpatia: o maior “problema” dos franceses em falar inglês não é o idioma, mas o país. França tem um antagonismo histórico com a Inglaterra. Ao mostrar que você não é inglês (e não “exigir” que falem em inglês com você), você já ganha alguns pontos de simpatia.
Línguas latinas: francês e português vem da mesma matriz linguística. Algumas estruturas gramaticais são parecidas e ajudam na compreensão.
Neologismos: você ficará surpreso com quantas palavras francesas nós usamos no dia a dia. De baguete a toalete, tem muita coisa que dá pra aproveitar.
Ainda assim, convém você saber uma dezena de frases básicas. Elas não apenas servirão para coisas rápidas (“onde é a saída?”), mas também ajudam muito a quebrar o gelo. Lembra da boa vontade e da simpatia? Se você mostrar que tentou falar em francês, você já avança diversas casas.
Inglês, infelizmente, não é universal. Nos pontos turísticos mais populares, não tivemos problemas. Porém, fica evidente que é uma questão de requisito profissional. Dentro de transporte público, mercados ou Uber, por exemplo, nunca conseguimos conversar em inglês.
Eu, que não falo francês, geralmente abria com o seguinte texto, em francês: bom dia, tudo bem? Eu não falo francês, você fala inglês? Nem sempre a resposta era sim, mas sempre dávamos um jeito de continuar a conversa.
Agora que você já sabe perguntar para que lado fica o Louvre, como chegar até lá? Muito fácil: Google Maps funciona bem demais em Paris - especialmente com o transporte público.
Nós compramos um ticket de metrô Paris Visite, que inclui diversos meios de transporte na região metropolitana, com uso ilimitado.
Por exemplo: rotas da Torre Eiffel para a Sacré-Coeur.
Na nossa primeira visita, também alugamos bicicletas e patinetes de aplicativos para passear pela cidade. Funciona, mas eu acho levemente inconveniente, por isso acabo nem sempre recomendando.
Por fim, a maneira mais especial de conhecer Paris: a pé! Mesmo se você visitar durante os meses frios, caminhar por Paris é magnífico. Não se preocupe em seguir uma rota específica, vá virando as esquinas “meio que na direção certa” e desfrute de cada cantinho. Descer para as margens do Sena e seguir pelo rio é uma atração por si só.
Em uma dessas caminhadas, cruzamos a Pont Neuf e entramos na Île de la Cité, uma ilha no Sena onde, dentre outras atrações, está a Notre Dame. Passeando por ali, cruzamos uma pracinha cercada de prédios e cheia de restaurantes. Mais tarde, descobri que era a Place Dauphine.
Quer mais um exemplo de uma caminhada certeira em Paris? 6km de puro deleite:
- Louvre
- Jardin de Tuileries
- Av des Champs Élysées
- Place du Trocadéro
Atrações
Tem coisa demais para fazer em Paris! Seguem alguns lugares que visitamos e breves comentários:
Torre Eiffel: em ambas as visitas, o último andar (mais alto) da torre não estava acessível. Na primeira, manutenção do elevador; na segunda, superlotação (verão…). Mesmo que você esteja de ingresso na mão, a visita não é garantida. Há dois andares intermediários, nós subimos pelas escadas mesmo. É uma visita legal, mas não é obrigatória. Se você estiver com o tempo contado, pode cortar a parte de subir a torre. Porque…
Place du Trocadéro: …a melhor parte da Torre Eiffel é o seu entorno. Esta praça oferece um ótimo gramado para curtir o por do sol, enquanto você espera a torre acender.
Arc de Triomphe: outro ponto legal de observação da cidade. Não muito alto, mas com um bom ângulo de visão. Vale a visita especialmente porque…
Av des Champs Élysées: …o arco está no início da avenida mais famosa da cidade. Aproveite para visitar aos domingos, quando a rua fica fechada para carros.
Jardin des Tuileries: parque que circundava o antigo Palais de Tuileries, antiga residência real, destruída por um incêndio em 1871. O jardim possui museus de arte contemporânea.
Jardin du Luxembourg: enorme parque de 22 hectares onde está o Palais du Luxembourg, sede do senado francês. O jardim é repleto de diferentes áreas e merece um passeio demorado.
Louvre: dispensa apresentações.
D’Orsay: outro museu muito bom de visitar. Possui amplos espaços internos, repletos de esculturas. Certifique-se de ir até o final do último andar para a já famosa foto no relógio.
Hôtel National des Invalides: construído como residência para militares inválidos, transformado em mausoléu de Napoleão Bonaparte. Há um grande museu militar, com armamentos de diferentes culturas e fases da história. É uma visita relativamente rápida e muito indicada para quem gosta de história militar. Termina em um jardim alinhado com a Ponte Alexandre III, que também merece uma visita.
Chateau de Versailles: centro da corte francesa e símbolo do poder absolutista. Local de fatos históricos como a assinatura da independência norte-americana, do Tratado de Versailles e palco da revolução francesa. A visita ao palácio é uma aula de história. Os jardins são um passeio por si só. Reserve um dia para esta visita - que não fica em Paris. O percurso de trem de Paris a Versailles dura por volta de 40 minutos. A visita pelo palácio e aos jardins leva algumas horas.
Ópera Garnier: famosa pelo romance O Fantasma da Ópera, esta construção foi considerada uma obra-prima da arquitetura.
Galeries Lafayette: loja de departamentos que opera há mais de 100 anos. O prédio é uma atração imperdível. Não deixe de visitar o mirante na cobertura.
Sacré-Coeur: a Basílica do Sagrado Coração está localizada no Monte Martre, ponto mais alto de Paris. A basílica e o bairro no seu entorno são uma ótima visita.
Saint-Sulpice: segunda maior igreja de Paris, depois da Notre Dame. Possui um sistema de determinação dos equinócios que a garantiu uma presença em O Código da Vinci.
Sainte-Chapelle: belíssima capela gótica que, segundo consta, foi construída para receber a coroa de espinhos.
🎟️
The Paris Pass
Quase todas as atrações acima - e dezenas de outras que não tivemos tempo de fazer - estão incluídas no Paris Pass. Se você estiver indo a Paris pela primeira vez e com aquela sede de turista, o passe é muito indicado.
Ele funciona por uma quantidade determinada de dias (você escolhe ao comprar) a partir do primeiro uso, então é importante planejar um pouco. Algumas atrações precisam de reserva, outras você precisa apresentar o passe para emitir um bilhete próprio (ou seja, precisa ir à bilheteria), e outras é só entrar com o passe mesmo. Precisa ler com calma para cada atração.
Junto do passe, eles fornecem um PDF com todas as atrações e informações. Tem bastante coisa.
Alimentação
Curiosamente, não temos indicação de restaurantes em Paris. Fomos a poucos restaurantes e, francamente, nenhum digno de nota.
Há uma marca característica da cidade que são as mesinhas na calçada. Hoje em dia isso foi levado ao extremo: os restaurantes alinham, milimetricamente, mesinhas de bistrô com duas cadeiras, ocupando toda a área disponível da calçada. O resultado é uma espécie de arquibancada, onde você está colado de ombros com a pessoa da mesa ao lado, assistindo a rua. Complemente a imagem com bastante fumaça: muita gente fuma em Paris, e todas essas mesinhas tem um cinzeiro próprio.
Ou seja, por mais parisiense que isso seja, é uma experiência que não recomendamos.
Por outro lado, a famosa gastronomia francesa tem seu mérito. As pessoas tem o hábito de cozinhar e isso se expressa de uma forma muito interessante: os mercados são muito bons. O resultado é que nós acabamos entrando na onda e fazendo refeições em casa.
Voltando depois de horas de passeio? Você seguramente cruzará por diversos mercados, açougues e padarias. Faça a feira e desfrute no conforto da sua acomodação.
Segurança
Mais um clichê. Muito se fala sobre os batedores de carteira de Paris. Metrô, pontos de grande concentração de público, pontos turísticos.
Infelizmente, tivemos um problema com isso na nossa segunda visita. Deixamos nossas coisas na calçada para preparar umas fotos. Outro turista que estava lá chamou nossa atenção. Demos falta de uma bolsa e eu corri rua abaixo atrás do meliante. Recuperamos a bolsa, mas confirmamos a fama.
Vale o hype?
Com certeza. Paris é uma cidade linda, riquíssima e charmosa. Tudo clichê, a gente sabe, mas daqueles que vale a pena confirmar por si só.